Terça-feira, 29 de Setembro de 2009
Impensável em muitos sentidos, nomeadamente para quem já esteve frente a frente com o seu autor e sentiu um arrepio frio e sinistro. Talvez impensável e apenas inominável.
"Inominável
I
Sabes
Chagou hoje
Outra vez
O dia do teu nascimento
Quero dizer
Do teu nascimento
Para esta vida terrena
Aquela mesma que
Viveste
Plena
De preces
E pressas
E por isso
Hoje é
A primeira vez
Que não estás cá
Para te dizer
Parabéns filho
II
Sabes
Primeiro
Veio
A dor do desgosto
Sem qualquer aviso
E depois
Com ela ficou
O inominável
Anunciando-se
Para sempre
III
Sabes
O inominável dói
Dói mais do que a dor
E o inominável
Nem nada é
Porque até
O nada
Pelo menos
Nome tem
Mas nome
Não há
Para um pai
Que perde um filho
IV
Sabes
De um homem
A quem falte
A mulher diz-se que viúvo é
Como a um filho
Que fica
Sem pai
Órfão lhe chamam
Mas sabes
Nome ou palavra
Não há
Nem verbo
Nem substantivo
Nem adjectivo
Nem advérbio
Nem proposição
Nem conjunção
Nome ou palavra
Não há
Para chamar
O pai
Que não mais
Pode chamar
O filho".
Paulo Teixeira Pinto
De sarabudja a 4 de Novembro de 2009 às 13:09
Por não haver um nome, uma forma de definir devia poder não existir esta coisa anti natura dos pais não mais verem os seus filhos.
Li algumas coisas do teu blog, porém este post como que me apertou no peito. Que estas coisas não me façam nunca sentido.
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