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Reconhecer a realidade como uma forma da ilusão, e a ilusão como uma forma de realidade, é igualmente necessário e igualmente inútil. Livro do desassossego, Fernando Pessoa
Quem me conhece sabe que sou um desastre em citações e outro tipo de frases feitas. Felizmente nos meus postais posso recorrer a estes truques estéticos.
A verdade é que não queria deixar este cantinho em branco e segui o caminho mais fácil. Peguei na Bíblia e abri à sorte e, com a discricionariedade do meu olhar, seleccionei esta frase.
Mais uma vez, não consigo deixar de ficar esmagado pelo poder deste livro. Frases que ecoam indefinidamente na nossa cabeça assaltam-nos à ganância!! Na verdade, um turbilhão de ideias, de dias e dias de deriva, surgem numa frase simples, numa inconfidência silenciosa.
Nestes momentos, as palavras são tudo e são o nada. Misticismo? Nihilismo? Budismo e afins? O que é que isso interessa? Nada, nada.
*Este postal foi acompanhado pelo delicioso "Dreams that breath your name", com a voz sensualmente arrepiante da Jennifer Charles. Um anjo caído para atormentar a ilusão da realidade.
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É verdade, marquem a data 4 de Outubro na vossa agenda. "Extraordinay Machine" vai finalmente ver a luz do dia!
"Now that my album is finally finished, I am very, very excited to have people hear what we did," Apple said in a statement. "I am so proud of it, and all of us who worked on it."
Desafio: procuro alguém interessado em me acompanhar a Nova York para ver a Fiona Apple!
Se eu fosse irónico, diria que dava um bom político.
A luz de Agosto acaba por ser motivo para falar de cores. Mesmo sem ser intencional, dei comigo a ler o livro, de William Faulkner, enquanto a luz de Agosto não para de mudar. Desde o azul celeste, da eterna inocência, ao laranja apocalíptico, da cruel maldição. Estranho Agosto. Ou talvez não, talvez seja apenas a minha percepção que torne tudo tão estranho. Mas não quero entrar em mais discussões sobre a relação entre o sujeito e o objecto.
A luz, tal como o tempo, limita aquilo que somos capazes de conhecer.
Mas havia algo que o agarrava, como qualquer fatalista pode ser agarrado: através da curiosidade, do pessimismo ou da pura inércia. Serei eu também um fatalista? Nunca tinha pensado partindo deste ponto de vista. Mas, para além dos indícios, receio o fundo de verdade, oculto em mim e, como uma náusea à deriva na maré, balanço sem movimento. Será este o labirinto? Será este o eterno enigma?
Este fim-de-semana tive a oportunidade de finalmente ver a famosa Viagem a Lisboa, de Wim Wenders e do senhor Inverno!
Começo por confessar a minha desilusão, mas que graças aos extras do dvd rapidamente obteve uma explicação perfeitamente lógica. Este foi um filme encomendado pela organização de Lisboa Capital da Cultura 94, que queria um filme de um realizador estrangeiro. Somos um povo de pacóvios, desculpem o desabafo!
Não que esteja a fazer do filme um tiro ao alvo das minhas frustrações com o Portugal político e afins, também tem coisas boas. Boas imagens e a felicidade da música dos Madredeus (com algumas das minhas músicas preferidas Tejo, Ainda, Guitarra). Nos momentos em que se limita a isso, confesso um verdadeiro prazer contemplativo. O problema é a total inconsistência da história. Daí o paradoxo do título! Quanto aos diálogos, eu já estava disposto a dar um grande desconto, que até nem foi preciso dar no caso da Teresa Salgueiro (que, para que conste, é uma mulher muito bonita e que tem uma presença fora do vulgar, a mostrar que não é só a voz dos Madredeus. Bem se calhar esta não seja uma opinião que reúna consenso, mas eu também nunca senti o menor tesão pela Bárbara Guimarães!). Mas a história, e era isso que o filme pretendia retratar, é patética. Na minha opinião, nota-se claramente a pressão de ter de fazer o filme. Segundo consta, foi realizado em 5 semanas tendo o guião sido escrito à medida que ia sendo feito. É pena que a ideia da história do filme um documentário sobre Lisboa não tenha sido aproveitada para o próprio filme.
Mas, no final, para aqueles que ainda não tenham visto, e em contracorrente em relação ao que disse, se tiverem oportunidade, vejam o filme. É delicioso o retrato de Lisboa em 1994.
Por força do acaso, a minha banda sonora dos últimos dias tem sido a mesma. Na verdade, é uma colectânea home-made, que tem conseguido fazer-me companhia através de diversos estados de espírito, o que de certa forma merece destaque porque objectivamente não devia ser assim!
Em todo caso, sem outra apreciação crítica, decidi partilhar com os meus leitores a set-list. Quem sabe, talvez possa servir para outros filmes. Como ainda não é cristã, lanço o desafio aos meus leitores de sugerirem um título para o seu baptismo!
Music to make love to your old lady by - Lovage
Sex (I am) Lovage
Generation sex Divine Comedy
Big night out Fun loving criminals
Mr. Gorgeous Smoke city
1979 Smashing Pumpkins
Song 2 Blur
36º - Placebo
I woke up in a strange place Jeff Buckley
Sunset is tonight Blind Zero
Creep Radiohead
Home Depeche mode
Wiskey and water Tindersticks
Real man Tori Amos
Lucky man The Verve
My Way Frank Sinatra
Unchained Jonnhy Cash
Bridge over troubled waters Jonnhy Cash and Fiona Apple
Muhammed my friend
It´s time to tell the world
We both know it was a girl back in Bethlem- Tori Amos
Fanatismo religioso. Religião. Alienação. Uma desculpa. A eterna culpa.
Gostava de dizer que vivemos tempos de loucura, que o mundo endoideceu, que o fim do mundo está próximo (como alguns dissem, esperemos que sim - aenema). Mas seria uma mentira. Todos nós sabemos que é apenas a repetição da triste história da espécie humana, para além do bem e do mal (acreditem, ao contrário do que possa parecer não faço parte da legião de aduladores de Nietzsche embora tenha a impressão que já li mais livros dele que a maior parte dos ditos cujos!).
Somos prisioneiros da liberdade. E não suportamos o fardo. Temos necessidade de algo superior, de alguém que nos desculpe. Somos incapazes de assumir a liberdade (e tenham em atenção que eu não me estou a pôr à margem). Abandonamos muito facilmente a nossa individualidade em troca do alívio da culpa. È curioso verificar que todas as tragédias da história humana foram levadas a cabo não em nome de desejos individuais mas em nome de algo superior. Desde os sacrifícios dos povos primitivos, passando pela expansão da Igreja Católica, Inquisição e afins, até às catástrofes do século passado e do brave new millenium, tudo foi feito em nome de algo superior.
Isto faz-me lembrar os famosos julgamentos dos colaboradores do nazismo, em particular os juízes dos tribunais nazis, que, face às acusações de homicídio, em sua defesa alegaram que apenas se limitaram cumpriram a lei e a vontade do povo alemão. A verdade é que a maior parte deles foram absolvidos.
Há alguns dias atrás, a propósito de uma praia de nudistas em Ibiza (playa ses cavalet para os interessados), e tendo dito que jamais seria capaz de fazer nudismo, um amigo meu dizia que seria capaz de fazer nudismo numa praia que só tivesse nudistas, mas que seria incapaz de fazer numa praia de nudistas em que houvesse pessoas vestidas. Fiquei surpreendido e perguntei qual seria a diferença, afinal ele era capaz de fazer nudismo ou não. A resposta foi ainda mais intrigante: se todos fizessem o mesmo, ele também não se importava de fazer. As pessoas vestidas, numa praia de nudistas, faziam-no sentir mal. Será que é isto que nos move?