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Eu sei, todos estavam à espera desta revelação! Especialmente aqueles que já tiveram oportunidade de ver umas certas fotografias do signatário em vésperas do concerto do anticristo de brincar, lá ia o longínquo ano do Senhor de 1999.
Não, desta vez é a sério, os astros estão alinhados em torno do signo das trevas, hoje é o primeiro dia do fim do mundo, de um novo reinado Do meu claro! Pensavam que era coincidência a minha extensão telefónica ser 66?!! Caros, lá dizia a erudita, isto não há coincidências!
Meus amigos, se achavam que eu não batia bem da bola, decerto que agora não só terão a certeza, como também desejarão que o Salazar estivesse vivo para que isto não pudesse acontecer. Sim, vou revelar o quarto segredo de Fátima, aquele que foi mantido até hoje secreto (ah pois é Dan Brown, toca a bazar, man, this is the real thing!!), apenas partilhado na intimidade do Salazar e da Lúcia, durante o período refractário.
Pois é, o diabo (Woland para os amigos), que é um tipo erudito, decidiu iniciar o seu reinado em estilo, e já que não era casado com a Bárbara Guimarães logo não podia iniciar a sua campanha com um soft vídeo porno com a dita cuja e o seu filho (não sejam moralistas, lembrem-se que estamos a falar do diabo. E depois, o diabo, tal como deus, é omnipotente e sabe como todos vós sois uns grandes pervertidos!!), optou por uma abordagem poética neo-realista, com um pouco de neo-classicismo com um leve travo a surrealismo e canela, e dar a boa nova sob a forma de um poema. Como é um gajo ocupado, decidiu conceder-me inspiração diabólica para eu escrever o referido em seu nome e por sua conta ( claro que exigi honorários taxados ao custo de assuntos pessoais para badochas!!).
E aqui está o resultado. Antes, uma advertência, quem lê este poema, jamais será capaz de ver o mundo da mesma forma ( quer dizer, pelo menos, com elevada probabilidade, passará a ver-me de forma diferente!!). Caso consigam ler o post scriptum desta mensagem, isso é sinal que já estão convertidos e só me resta dizar: Sejam bem-vindos!
Ao Papa de Roma
Do fundo do meu coração,
E no meu perfeito juízo,
Quero insultar-te,
Vai-te foder,
Ou cuspir nas tuas palavras,
Mas não o faço,
Não quero falar a tua linguagem.
E não penses que é respeito
Que me impede de o fazer.
O meu insulto seria insignificante
Se medido com a tua hipocrisia,
Seria menos grave
Do que a tua pomposa mentira,
Seria revolta e indignação
Perante tanta provocação.
Fiquei consternado
Quando te vi,
Em tua casa
Para me receber.
A tua casa é uma ofensa,
Um espólio de detritos,
Acumulados pelo tempo,
Talvez heresia divina,
Talvez piada de mau gosto,
Um grotesco covil,
Bem longe do Olimpo de Zeus,
Ainda mais de Deus.
Quase vomitei
Perante tanto nojo e podridão
Dos frescos das tuas paredes
Das tapeçarias ensanguentadas
Que mostras com prazer.
Que significa isto?
E os rios de gritos,
E o cheiro de carne queimada
Que escorre dos tectos?
E os pedidos de piedade
E a merda da verdade
Que mostras no chão?
Satisfaz a minha curiosidade,
Esse pecado mortal,
Essa heresia caluniosa,
Nessa tua sucata,
Nesses pedaços de vida estéril.
Onde estão as escrituras?
Desculpa, as sagradas escrituras?
Não respondas,
Deixa-me adivinhar,
Perdoa a minha ingenuidade.
Serviram para atear fogo às bruxas,
Aos deficientes e aos inconformados
E a todos esses pobres diabos
Que expulsaste do mundo civilizado.
E fizeste muito bem!
Esse livro não faz sentido,
São alucinações e fantasias,
Páginas inteiras
Com patetices e mentiras.
Mas espera,
Ainda tenho mais perguntas.
Porque mentes enquanto pregas?
Não és capaz de responder?
Eu sei, estás perdido.
E já agora, onde está Deus?
É que aqui
Não o consigo encontrar.
Estava comigo à entrada,
Mas aqui, nem sinal,
Nada.
Se calhar não entrou,
Ou talvez não o tenham deixado entrar.
Seria perigoso ele estar aqui,
Era capaz de ficar violento
E destruir a tua casa
E amaldiçoar-te
Outra vez,
Tal como seu filho fez.
Mas a tua polícia decerto está atenta,
Não deixa que tal volte a acontecer.
E o que encontro aqui?
Um oceano de despejos,
Dejectos perturbados no hoje,
No amanhã, no depois,
No nunca mais será
Tarde de mais para ver.
Não significar nada,
Abstracção de tudo aquilo
Que une o chão à terra.
Um silêncio profundo,
De incenso e veneno
Adormece o céu cinzento.
Alguém cai do pedestal
Com a multidão a aplaudir.
Vê-se uma criança a sorrir
Enquanto uma mulher
É despida e violado
Num aplauso soberbo
Sob a bênção divina.
Uma grandiosidade desmedida,
Feito talento embriagado,
Mais uma chama no céu
E ninguém tem permissão
Para sentar-se no chão,
Enquanto os vermes
Perfumam os mortos,
Dão tesão à terra
E ao anjo
Rebolando pelo deserto,
Entumecido,
Rebolando pelo deserto
Para aliviar o cio,
Vertendo cicatrizes
Em acto contínuo
De sodoma e masturbação.
Que felicidade arregalada
Nestes rostos podres,
Onde larvas invisíveis
Sulcam a pele pálida,
De um hábito sórdido,
Perpetuando o florescer
Do ciclo da vida de dentes sadios
E de mãos sombrias
Agitando-se no ar,
Num quase não existir
Num nunca acordar.
PS Ok, alguns factos históricos. Este poema foi escrito em 2001, no coração da Igreja Católica, isto é, o Vaticano (literalmente no museu do Vaticano, capela cestina, basílica de s. Pedro). Quem lá esteve, acho que será capaz de compreender este poema. Quem não esteve, mas gosta de pensar pela sua própria cabeça, também será capaz de compreender.
PS Viva Roma!!!
PS Por óbvias razões, este postal era para ser remetido com carimbo do dia de ontem, infelizmente os tipos da PT são mais diabólicos do que o próprio. Por isso, para os devidos efeitos declaro que estou mentalmente no Brasil bebendo Moet Chandon e espero que, em breve, fisicamente também!!