A época natalícia significa também a oportunidade de ver alguns “filmes perdidos” enquanto se repousa no frio glaciar do Norte (hipérbole ou nem tanto). Como não fiz o trabalho de casa, acabei por ter de seleccionar os filmes segundo um critério ontologicamente inexistente. Isto é, ao “calhas”.
Assim, por ordem cronológica, os ditos cujos e respectivos comentários:
1 - “Bem-vindo ao turno da noite” – Ah e tal e coisa. Treta de filme. Argumento de filme de domingo á tarde com pretensões artísticas.
2 - “Juno” – Ah e tal e coisa, ganhou Óscar para melhor argumento original. Treta de filme.
3 - “Call girl” – MERDA de filme. Imagino o choque. Ou então as observações de carácter ignominioso. Na verdade, foi a descrição do filme por parte da “Toquinhas” que me fez pensar: “ora aqui está um filme para rir”! Infelizmente, nem para isso. Eu gostaria de saber como se justifica a atribuição do subsídio ao filme. Honestamente, do ponto de vista do interesse cultural que deveria presidir à atribuição do subsídio, como se justifica o filme? Por razões futebolísticas, eu já achava o realizador um “choné”. Agora, sem remorsos de motivação clubista, posso dizer: “choné”! A cereja em cima do bolo é a aparição do mesmo no final do filme. E já agora, cara Soraia, ser sensual exige muito mais do que mostrar as “tetas” e ficar “pêlada”. Mas se o objectivo da representação era assumir a profissão, acho que a personagem foi muito bem interiorizada.
4 - “Summer of Sam” – Eu não sou um grande admirador do Spike Lee, mas, se é certo que os filmes não são extraordinários, a verdade é que têm um padrão de qualidade entre o “razoável mais” e o “bom”.
5 - “Os edukadores” – Tinha algumas expectativas em relação a este filme, especialmente depois de “goodbye Lenine”. E acabaram por ser em grande parte defraudadas. A verdade é que o argumento é extremamente fraco. Não tanto pelo “argumento de fundo”, das contradições do capitalismos e da sua oposição, mas pela incoerência do argumento do filme. Não basta ter uma boa ideia para ter um bom filme. Poderia bem ser um daqueles filmes americanos que passam directamente para dvd e que passam na tv para encher chouriços.
6 - “O último rei da Escócia” – Está visto que filmes que envolvam reis e a Escócia não são comigo. Até tenho arrepios de vómito de lembrar o “Braveheart”..e pensar que ambos são “o filme” da vida de muita boa gente…. É verdade que “O último rei da Escócia” tem uma actuação fenomenal do Forest Whitekar (inquestionável), mas a verdade é que não tem mais nada, tudo o resto é mau, em especial o argumento ficcional enxertado na história real do ditador Amin. E por amor de Deus, só por falta de orçamento posso compreender a escolha do actor que faz o papel do médico escocês! Fiquei irritado, pois fiquei, com o tempo e dinheiro gasto!
Conclusão: Pois bem, dos seis filmes, salvou-se o sétimo. A verdade é que, como prenda de Natal, acabei por rever (3ª ou 4ª vez?) Pulp Fiction. E lá está, é daquelas coisas: ou se é ou não é! Só um grande filme é capaz de ganhar mais brilho a cada revisão. Nesta última, apercebi-me do toque de classe da música do Link Wray “Ramble” durante a cena no restaurante (os sinais estão lá, Brother Louie!). É como o anúncio do Kinder delice “Há coisas de que se gosta e coisas….”.