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Este postal foi literalmente retirado do baú das memórias, E termina aqui o literal, para dar lugar às metáforas....
Tempo de Buenos Aires
É preciso dar descanso ao tempo,
O tempo necessário
Para partir.
Nada acontece
No estímulo da ausência.
Quando nada acontece,
Eu nada sou,
Apenas penso,
Mas não sigo a linha,
Nem o pensamento.
Aqui sinto o sangue correr,
Enquanto busco Buenos Aires
Do alto de um telhado
De desconhecidos
De encontros.
Agito o desejo
E refaço o passado,
Derrubando a certeza.
Ser um desconhecido,
Para deixar de ser
Na distância de amanhã
Embalado pela luz
De uma noite,
Em que juro voltar a ti,
Cidade de Buenos Aires.
Depois do ano zero, estou de volta ao rodopio dos serviços postais. Sem querer criar falsas expectativas, além ano zero, a luz brilha com cores vibrantes. Para breve, prometo um especial sobre “minetes”, tema introduzido pela recém chegada “Marta”. Aquém ano zero há para aqui coisas empacotadas que merecem ver a luz do dia...ou outra luz qualquer. Por isso nada mais apropriado do que um medley, fora de horas, em escrita automática, ao ritmo dos sons “calientes” dos white stripes, scissor sisters e arcade fire.
So, rewind..
Ok, começo exactamente pelos White stripes. Que grande concerto! Como dizia um ilustre visitante desta caixa de correio “it’s only rock and roll, but i like it”, ao que eu não resisto a subverter em “it’s only rock and roll, but i fucken love it, baby!”.
E claro, não esqueço os Smashing Pumpkins. Mas o que eu não esqueço mesmo nesse dia foi o brutal “crash party” com o impagável e ilustre Caçador! Man, se estás por aí, tu estás lá! Confesso, não foi a minha primeira crash party digna de registo nos compêndios da antropologia. A outra também foi impagável: imaginem lá este quadro, um bando de erasmus, em Itália, fazendo um “cross contry” com passagem por verona para visitar um amigo de um dos passageiros do resistente “fiat punto”, acabam numa boda de casamento, sem fazer ideia sequer de quem era o noivo (nem chegaram a conhecer, pelo menos, eu não) e no final ainda continuam viagem com acessórios da festa, tão úteis como duas tochas (vá lá, desta vez os criativos de publicidade não podem ser acusados de publicidade enganosa, o carro, de facto, tem imenso espaço!). Neste, foi algo mais recatado, mas não menos espectacular. Três gajos de preto, dois deles com um aspecto especialmente duvidoso (um surfista nunca tem aspecto duvidoso, logo, tirem as vossas conclusões), aparecem numa festa familiar de aniversário (e quando digo, familiar, é mesmo familiar, com uma faixa etária dos 8 aos 80, praticamente sem paisagem pelo meio!), em que não conhecem ninguém, e tomam controlo dos comes e bebes, com a particularidade de ser o aniversariante quem estava a grelhar as febras e a entremeada (e que bela entremeada, meus amigos). Pelo meio ainda houve tempo para o Caçador ir cagar e lavar o cú no lavatório!
zzzzp
Pelo meio, uma visita à terrinha, o que é sempre propício a reflexões. Especialmente quando essa terrinha se chama Azagães. O nome vem de azagaia que, para aqueles que não têm a filologia como um hobbie, era uma arma de caça, portanto, segundo a conclusão de um outro médico-personagem que se cruzou comigo há algum tempo, esta deveria ser uma zona de caça no tempo dos romanos. Sim, para além de médicos filósofos, também me dou com médicos filologistas. Regresso e parto sempre com uma sensação de distância..
Pelo menos houve tempo para registar um piropo que entrou directamente para o topo das minhas preferências: “A tua mãe deve ser uma ostra pois cuspiu uma pérola! (para os mais esquecido, o anterior número um era ocupado pela impagável “Tu não és boa, és óptima”!).
Há pouco tempo, um amigo disse que todas as pessoas deviam ter um psicanalista. Continuo a não ser capaz de aderir totalmente à ideia (“mas devias!” parece que estou a ouvir o pensamento dos leitores deste postal e não só, certamente!!). O problema é que, ao contrário das pessoas que normalmente procuram os psicanalistas, eu não tenho problemas em falar sobre mim, o meu problema é falar demais. E quando assim é:
Help yourself don’t say a thing
Your love won't show in anything at all
If all you do is talk
Sadly I remain in need
Of all the things you say
But leave in speak
All you do is talk
Help yourself don't think
Help yourself don't speak
Help yourself don't say a thing at all
You're lucky words don’t bleed
You time the end of all we see
You say we're on our way
And all will be
Alone in everything
You say it's all we'll ever need
You've found an easy way
But still you weep
Alone in everything
Help yourself don’t think
Help yourself don’t speak
Help yourself don’t say a thing at all
You're lucky words don’t bleed
Help yourself don't say a thing
What love you show won't mean a thing at all
If all you do is talk
Sadly we remain to see
What brings an end is also what we need
All you do is talk
Help yourself don’t think
Help yourself don’t speak
Help yourself don’t say a thing at all
You're lucky words don’t bleed
So, back to zero. Há que fazer um esforço para despertar. Não basta todos os dias, é preciso ficar desperto o mais tempo possível.
Não é uma novidade, mas várias teorias apontam no sentido de que vivermos sob um falso conceito de evolução, indicando vários factos que fazem duvidar do motor do progresso de Conte e da santa missa do Darwin sobre a evolução das espécies, avançando teorias sobre a evolução em espiral, em círculo ou mesmo sob a forma de uma eterna regressão. No entanto, nada disto é directamente relacionável com a minha iluminação ao ouvir “loser” do Beck enquanto corria na passadeira... reparem, eu disse directamente.
Para cada acção há uma reacção de sentido contrário... Meu caro Newton, hoje também tu vais levar na cabeça! A mudança é uma luta sem fim, portanto o ano zero é assumido como simbólico (não sei se os meus leitores sabem, mas o zero surgiu historicamente depois do 1)... O meu objectivo não é ganhar coerência, mas dar sentido ao viver no meio das minhas coerências... ah, aposto que estavam à espera que eu dissesse incoerências! I’m easy going, but definitely not an easy person! (a frase está em inglês, mas não estou a citar ninguém, fui eu que a acabei de inventar). Felizmente algumas pessoas percebem o que eu estou a dizer. Ser incoerente ou contraditório não é mau. Tentar ser coerente ou contraditório é que é mais complicado pois obriga a contorcionismos do género que as “más bocas” imputavam ao Marylin Manson (ok, já deu para perceber que trocadilhos é algo que vai transitar para o ano do macaco!).
Já agora, sabiam que a numeração árabe, na verdade, foi inventada pelos indianos? Curioso? Foram eles que criaram o zero também. Curioso?
Que saborosa redescoberta neste final de tarde! Eu sei que hoje o dia é dedicado aos White Stripes e aos Smashing Pumpkins, mas o meu universo tem destas sinergias, e vejam lá quem bateu à minha porta e chamou por mim!
"Is This Desire?"
Joseph walked on and on the sunset
Went down and down coldness
Cooled their desire and Dawn said
"Let's build a fire"
The sun dressed the trees in green
And Joe said
"Dawn I feel like a king"
And Dawn's neck and her feet were bare
Sweetness in her golden hair
Said "I'm not scared"
Turned to her and smiled
Secrets in his eyes
Sweetness of desire
Is this desire, enough enough
To lift us higher, to lift above ?
Hour long
By hour, may we two stand
When we're dead, between these lands
The sun set behind his eyes
And Joe said : "Is this desire"
Is this desire, enough enough
To lift us higher, to lift above ?
Is this desire, enough enough
Enough inside, is this desire ?
PJ querida faz o favor de entrar! Vou buscar umas cervejas para matarmos as saudades!
PS - Recordações da meu quarto na Travessa do Cabido, com a sua luz coada no mistério de Coimbra.
Pois, dia de ressaca dá para este tipo de coisas. A propósito da cimeira do G8 pensei que existia um grande número de canções de que eu gostava que continham um mês do ano no seu título. Cheguei inclusive a pensar que era capaz de indicar uma música para cada mês. Mas depois comecei a ver que o meu auto-desafio se revelava um bocadinho acima da minha capacidade de mobilizar a minha memória! Acabei por ficar com uma lista incompleta (embora nada desprezível). Era capaz de indicar mais algumas músicas para os meses em que consegui identificar uma música, mas quatro meses ficaram em branco. E daí venho solicitar a ajuda dos meus queridos leitores para um calendário musical!
Can you give me a help?
Janeiro- “Black Dove (January)” – Tori Amos
Fevereiro – “February stars” - Foo Fighters
Março – “Águas de Março” - Jobim
Abril – “April Fools” - Rufus Wainwright
Maio – "Maio, maduro Maio" - Madredeus
Junho – “Bye June” – Smashing Pumpkins
Julho - "4th July" - Soundgarden
Agosto -
Setembro – “Pale September” – Fiona Apple
Outubro -
Novembro - “Snow falls in November” - Julie Durion
Dezembro – “A long December” – Counting Crows
Deixo registado o facto de ter terminado o segundo volume de “Em busca do tempo perdido” – “À sombra das raparigas em Flor”. Acreditem ou não, “O caminho de Guermantes” será uma das minhas escolhas nesta Feira do Livro.
Deixo uma passagem do referido livro para reflexão (para quem gostar de reflectir, claro):
“E é afinal um modo como qualquer outro de resolver o problema da existência, esse de aproximar suficientemente as coisas e pessoas que de longe nos pareceram belas e misteriosas, para descobrirmos que não têm mistério nem beleza; é uma das higienes que se podem escolher, higiene talvez não muito recomendável, mas que nos dá uma certa calma para passarmos a vida e também nos resignarmos à morte, uma vez que nos faz não lamentar coisa alguma, persuadindo-nos de que alcançámos o melhor, e de que o melhor não é grande coisa”. Marcel Proust - “À sombra das raparigas em Flor”
A paz de viver
Lentamente deslocando a felicidade
Na torrente das sensações,
Entre a vida imensa,
Num imóvel e vertiginoso turbilhão,
Pairando na insustentabilidade
De acreditar sem saber
Enquanto se respira
A tranquilidade de ser.