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Com este tema regresso a uma linha mais espiritual na correspondência da metáfora do carteiro. Espero que sem consequências na audiência! Senão no próximo ver-me-ei condenado a falar da quinta das celebridades, do filho do Carrilho e da Bárbara, ou ainda pior, do Benfica (sempre são seis milhões de deixo o resto à vossa imaginação!!).
Desvendando o enigma. Dois filmes: Before sunrise and Before sunset, vistos exactamente pela inversa ordem. Mas esta é a ordem natural dos dois filmes. E contra isso não há nada a fazer. Ao contrário do que normalmente acontece nas sequelas, devo dizer que gostei mais do segundo filme (Before sunset). Aliás, foi uma entrada directa para o meu top ten, como se fosse um disco pimba!
Já me apercebi que maior parte das pessoas que conheço não concordam comigo, considerando-o mesmo aborrecido, etc. Vá-se lá saber porque, já é quase um lugar comum. Tens gostos esquisitos! (na minha cabeça, recordo o significado da palavra para nuestros hermanos e fico logo melhor!!).
Ressalvando qualquer fenómeno de projecção de experiências pessoais que me tolde a objectividade, acho não exagerar quando afirmo que o filme é sublime (mas claro, não suficiente para ser o filme da minha vida, como sabem). Algumas pessoas quando souberam que tinha visto o 2º filme antes o primeiro comentaram que tinha feito mal, que o primeiro é melhor, que explicava o segundo, e que assim tinha perdido o encadeamento da história. Discordo em absoluto. O universalismo de before sunset não precisa de qualquer encadeamento, é uma reflexão extremamente honesta de algo tão simples e tão complicado como existir.
Comentava com uma amiga este filme, e ela dizia, que as personagens tinham tido sorte, tinham tido uma segunda oportunidade e um final feliz. Como lhe disse, a sorte também pode ser amarga, pois é no final que começa a verdadeira mutilação do existir. A sorte só mesmo na insustentável leveza do tempo!
Revejo-me no lugar das personagens e tal como elas não sei o que fazer. Será um lugar comum afirmar que no existir, não há lugar para certo ou errado?
O que mais me impressionou no filme foi esse lugar comum das coisas simples. As personagens têm vida, transcendem os diálogos e transparecem nas imagens. E tudo se resume a algo aparentemente tão banal: conversar. É tão difícil conversar nos dias que correm, é tão difícil escutar o que alguém diz, sem ser um pretexto para falar...
Nunca me vi como um místico ou coisa que se pareça, mas acredito que a nossa essência está na universal unidade como o elo que nos liga como linguagem da arte e como linguagem do amor.
Por oposição ao eventual lirismo que alguns encontrem na frase anterior, devo dizer também que ele retracta uma inquestionável verdade (!!), o amor é o mais egoístico dos sentimentos porque é através dele que nos realizamos. Seria fácil de concluir que o castigo do segundo filme seria a justa retribuição pela ousadia das personagens ao terem tentado fugir aos lugares comuns. Mas from sunset to sunrise, é curioso verificar que o ciclo inverte-se e o círculo perpetua-se.
Referência musical: From dawn to dusk, from daylight to starlight, não podia ser mais apropriado a este postal. É um enigma fácil de descobrir. Uma sinfonia para a vida, uma banda sonora para a arte de existir
O tema de hoje deve fazer a delícia dos leitores mais mundanos, para já não falar dos mais maldizentes!!
É sem dúvida um tema cheio de polémica nos dias que correm (e não são só os dias que correm dados os últimos rides de defesa dos bons costumes e da moral pública!) a questão da homossexualidade e direitos dos homossexuais e outras questões afins (se bem que o governo português ainda não se tenha lembrado de por mais este tema no seu road show, à semelhança do governo dos nuestros hermanos). Mas desenganem-se aqueles que pensam que venho falar disso!
O postal de hoje resulta de um show bem mais interessante. Seis palmos de terra (ou, para os puristas, six feet under) é a única coisa que tento acompanhar na televisão nos dias que passam (não quero repetir a piada sobre o correr!). O episódio de ontem é responsável por estas linhas. Eu sei que o que vou dizer dá normalmente origem a acusações de machismo e outros ismos afins por parte das mulheres (dado o famoso lugar comum das fantasias sexuais dos homens heterossexuais... claro), mas perdoem-me, tenho de desabafar: quem é capaz de ficar indiferente ao enlace da Claire e da Edie?! É nestes momentos em que tenho a forte convicção de que se fosse mulher, seria certamente lésbica! Eu sei que a minha apreciação não é objectiva e muito menos imparcial, mas existe uma beleza estética no corpo e sedução feminina que simplesmente não existe no homem, muito menos em dois homens! Na verdade, o enlace das duas personagens fica bem longe do erotismo explícito das relações homossexuais masculinas que abundam na série. No entanto, a carga erótica dessas imagens surge diluída numa beleza que alimenta o poder de sedução do acto em si, dando origem a um certo aperto .. na garganta. Sinceramente gostaria de saber a opinião das minhas leitores, especialmente se viram o episódio. A liberdade de expressão é total. Parafraseando o meu camarada Daniel Jonhs* Fuck you, Im a lesbian too.
*Vocalista dos Silverchair. Mais uma grande banda que nunca passou por Portugal. Quem tiver a oportunidade de ver imagens da sua actuação no Rock in Rio (de Janeiro e não o pobre rio Tejo), fica com uma boa ideia daquilo que nos têm impedido de ver por cá (as vocalizações da música freak são simplesmente de outro mundo).
Escrevo isto com um sorriso. Trabalhar numa tese de mestrado também tem as suas agradáveis surpresas!! Na verdade a minha descoberta nada tem a ver com a minha tese, no entanto, foi graças ao chafurdar (que palavra melodiosa!) na tralha acumulada ao longo do tempo, a qual os mais líricos chamam biblioteca jurídica, que encontrei dois pequenos fragmentos da minha história pessoal!! Ora imaginem lá que mexendo no Amaral, Diogo Freitas do, Curso de Direito Administrativo, Vol. I, 2º Edição, Almedina, 1998, descobri dois poemas arqueológicos (e não defeitos de edição!, para deixar mais tranquilos aqueles que possuem o dito cujo na estante!!), datados dessa mítica passagem pelo segundo ano da faculdade. Como tal, e a despropósito de tudo e nada e sem qualquer relação directa ou indirecta, aproveito para fazer a minha homenagem à cadeira de direito administrativo leccionada pelo Prof. Vital Moreira (contra todos os seus maldizentes, o melhor Prof. da FDUC), que em bom tempo teve a feliz sensatez de recusar o convite para fazer parte do actual Governo (ao contrário do autor do volume in casu, que considero extremamente apropriado ao perfil de !!competência pretendido pelo Executivo) e continuar a dar aulas na FDUC. Não, não é uma daquelas situações do mal o menos, muito pelo contrário!
"Lugar comum"
Cada dia é sinónimo de me perder;
De me deixar arrastar contra a maré,
Enquanto se afunda este barco,
Sem um acto de fé,
Ignorando o perigo de afundar,
Num perpétuo cair
Na profundidade do mar.
Adiantam-se os segundos,
Perco os minutos,
Fugir é correr no mesmo lugar,
Desistir, sofrer a dobrar,
Talvez seja mesmo hora de partir.
Desembriagado
Parece-me, e não sei se estou enganado,
Toda a gente corre para o destino,
Para desconhecer o caminho,
Para justificar o tropeçar,
Arrastado sobre o chão liso
Em que cada pegada é marca
Que o tempo não apaga
Antes lima e crava.
Parece-me, e não sei se estou enganado,
Toda a gente olha as estrelas,
Sem nada ver no horizonte,
Nem o fúria ondulante do sol,
Ardendo na sua miséria,
Da solidão da multidão,
Em ausência de matéria.
Abandono o destino
E sei que estou sozinho,
Perdido e achado no silêncio
De estar aqui
Seguindo o destino.
Nos nossos dias, meu velho, ninguém pensa em termos de seres humanos. Se os governos não o fazem, porque o deveríamos fazer nós? O terceiro homem, Graham Greene
Será que alguma vez alguém pensou? É difícil não ver a realidade com olhos de pessimismo, mesmo ao olhar o espelho, para perceber que somos bem diferentes de qualquer naif conceito de ser humano. Nada de novo, portanto. No entanto, dois fragmentos de realidade conjugaram-se para que escrevesse duas linhas: os recentes acontecimentos na praia de Carcavelos e o filme América proibida. É minha convicção que o ser humano está condenado a perpetuar ódio e violência, motivos nunca faltarão, a história será sempre um lago de lágrimas e mágoa, recordado como a lição que não se aprendeu. Mas mais angustiante é perceber a indiferença que existe pelo outro. Ninguém pensa em seres humanos. Mesmo neste barril de pólvora em que vivemos, somos incapazes de perceber que sozinhos somos todos vítimas da indiferença de sermos iguais.
Toda esta intolerância pela diferença é apenas um pretexto, um reflexo da nossa natureza. Debaixo destas máscaras somos todos iguais, uma massa uniforme de existência, somos meros animais em luta pela sobrevivência.
Tenho que confessar a surpresa pela escolha deste tema. Alguns dos meus conspiradores certamente pensarão que existiu alguma sabotagem. Mas não é verdade, este é o tema escolhido pela Branca de Neve.
Falar do consumismo, como acontece da generalidade dos conceitos terminados em ismo, não é tarefa fácil. Correndo o risco de parecer contraditório, consumir é tão natural como respirar. Na verdade, respirar também é consumir!
Estejam descansados, não venho pregar nenhuma boa nova!
Consumismo enquanto movimento social, na minha humilde opinião é um mero paliativo do capitalismo. A associação não é assim tão óbvia como hoje parece ser. Na verdade, o consumismo corresponde a um estado evolutivo do capitalismo enquanto modelo económico. Digo isto sem qualquer conotação ideológica, é apenas uma constatação, idêntica à afirmação do capitalismo como modelo económico que assenta na exploração da mão-de-obra pelo capital. Alguém é capaz de refutar isto?
Toda a gente consome e todos ficam contentes quando consomem. Esse é segredo. Consome, consome, mata a fome!, (Dani, lembraste do nome da banda?).
Para quem tenha alguma memória histórica, basta recordar como é que foi possível ultrapassar as crises do capitalismo enquanto modelo económico no início do século XX. No fundo, tudo se resume ao nosso instinto de sobrevivência. Consumir é sobreviver. Tudo é consumo. Por que raio precisamos de telemóveis com maquinas fotográficas e com video? Segundo a TMN um milhão de portugueses vai precisar! As empresas de rating é que não gostaram muito das previsões de resultados da PT (exemplo acabado do fantástico modelo de economia de mercado que vivemos em Portugal, em que toda a gente acha muito bem que os estudantes paguem propinas, os velhinhos não tenham direito a reforma e que cada um pague os serviços de saúde do seu bolso, mas não acham nada mal que em Portugal exista um proteccionismo escandaloso a certas empresas, de forma a garantir o seu santo lucrinho, e que se pague aos iluminados das empresas públicas e parapúblicas salários galáticos que saiem..hum, dos cofres do Estado ou dos nossos bolsos? Agora você decida.) e acto continuado o PSI 20 veio por ai a baixo. Será que isto tem alguma coisa a ver com a concorrência real que a PT começa a sentir, mesmo com o escandalosos proteccionismo que lhe tem sido concedido?
Por vezes dou por mim com pensamentos terroristas/anarquistas, e desejar o colapso do brave new world e todas as suas geringonças, no fundo, criar um Fight Club para conspirar contra os conspiradores (não traduzam isto para inglês, nem mandem isto para o Expresso ou DN, senão estou tramado com os serviços da CIA!)
Mas voltando a faca para mim, o que eu quero? Não há resposta, o que queria há muito que sei ser impossível. Sou contraditório mas realista na minha contradição. Nesta parte, o meu existencialismo dá um certo conforto! A natureza humana é igual à de qualquer outro animal, apenas temos meios mais sofisticados de sobreviver, mas o mecanismo é o mesmo, a lei do mais forte, matar para não ser morto, etc. Infelizmente, temos a capacidade de nos questionar, e isso é uma grande chatice!
Lamento (obviamente que não lamento nada, estou a ser irónico!), mas não resisto a terminar com um momento musical, desta vez ao som de Do the evolution dos Pearl Jam (não é só por causa desta música, mas para mim o Yield é o melhor álbum dos Pearl Jam):
Woo..
I'm ahead, I'm a man
I'm the first mammal to wear pants, yeah
I'm at peace with my lust
I can kill 'cause in God I trust, yeah
It's evolution, baby
I'm at piece, Im the man
Buying stocks on the day of the crash
On the loose, I'm a truck
All the rolling hills, Ill flatten em out, yeah
It's herd behavior, uh huh
It's evolution, baby
Admire me, admire my home
Admire my song, here's my coat
Yeah, yeah, yeah, yeah
This land is mine, this land is free
I'll do what I want but irresponsibly
It's evolution, baby
I'm a thief, I'm a liar
There's my church, I sing in the choir:
(hallelujah
hallelujah
)
Admire me, admire my home
Admire my song, admire my clothes
'Cause we know, appetite for a nightly feast
Those ignorant Indians got nothin' on me
Nothin', why?
Because, it's evolution, baby!
I am ahead, I am advanced
I am the first mammal to make plans, yeah
I crawled the earth, but now I'm higher
Twenty-ten, watch it go to fire
It's evolution, baby (2X)
Do the evolution
Come on, come on, come on