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Aviso Ilegal:
Esta carta contém metáforas, ironias e verdades susceptíveis de ferir a susceptibilidade de grande parte da população portuguesa e arredores. Deste modo, sem querer excluir ninguém, este aviso deve ser especialmente tido em consideração pelas pessoas que preencham uma das seguintes condições (ou seja, verificação não cumulativa, se acumular, esqueça o aviso, porque é um castigo merecido!):
a) Nas últimas eleições, votou no PRN, participou nos tempos de antena da Nova Democracia, chorou durante o discurso de derrota de Paulo Portas, foi a qualquer comício político de Pedro Santana Lopes ou votou convictamente em qualquer um dos restantes partidos;
b) Tem o sonho de colocar o nome de Salazar ao seu filho, em homenagem às cantinas para pobrezinhos mandadas construir por este anti-fascista;
c) Se gostava de se sentar no colo do Cardeal Cerejeira (vá-se lá saber porque);
d) Fez o crisma de livre e espontânea vontade, depois de ter sido obrigado a fazer a primeira comunhão e a comunhão solene e sabe que fez o baptizado mas não se lembra de ter rogado pragas ao padre por este lhe ter posto água fria na cabeça;
e) Tem o automóvel estacionado em segunda fila;
f) Tem mais que fazer do que me aturar.
Maynard has found Jesus. Mais uma assincronia cronológica, tal como eu gosto, tendo o tempo como metáfora. Este título foi pretexto para uma interessante partida de April fool. A história é mais ou menos esta: no site oficial dos Tool foi colocada um artigo, com data de 31 de Março, que dava conta da conversão espiritual de James Maynard, que o teria levado seu abandonar a produção do sucessor de Lateralus, para dedicar a sua vida à busca de Jesus. Alguns jornalistas acabaram por noticiar esta notícia passados alguns dias, espalhando a boa nova, realçando que não se tratava de uma brincadeira de 1 de Abril porque a notícia era anterior a esse dia! Como é fácil manipular a mente de pessoas sem um Third Eye. É preciso desconhecer todo o conceito artístico subjacente ao projecto musical Tool (não vou dizer a melhor banda do mundo, porque não é preciso. Bem aventurados aqueles que tiveram o privilégio de os ver ao vivo no Restelo como eu! Para breve um postal!) para hesitar na gargalhada.
Por antítese, ou talvez não, este episódio cruzou-se com outro evento televisivo dramático e de elevadas audiências: a morte do Papa. A este nível de elevação espiritual, só mesmo a Quinta das Celebridades com a participação de outro símbolo do catolicismo, o alegre Castello Branco.
Também acho que o Papa é um ícone da história universal. Infelizmente, da triste história da Humanidade. Realmente a memória e o espírito crítico são dois bens escassos e preciosos.
Primeiro, a história cruel da submissão de um homem aos caprichos de rituais inócuos da igreja católica. Que prazer sórdido são as pessoas são capazes de retirar de um aceno de uma pessoa às portas da morte? Foi por isso que o Papa escolheu ir para o Inferno celeste a ter de aturar o inferno terreno. Heresia? Será? Limitei-me a criar um silogismo: quem recusa ajuda médica para morrer comete suicídio, o papa recusou ajuda médica, Logo, o Papa cometeu suicídio (ironia, será?).
Em segundo lugar, o culto da imagem, condenado pelos próprios textos bíblicos, mas que ninguém parece recordar. Que dizer das anunciadas peregrinações ao túmulo do defunto (alguém tem presente a parábola do touro de ouro????). Para cúmulo, o apelo das multidões para que a Igreja (e não Deus, está bom de ver a diferença) o considere Santo, pois parece que um americano se curou de cancro depois (no sentido amplo da localização espacial) de visitar o Papa. Tal sugestão faz-me recordar o célebre episódio ocorrido na academia sueca de ciências, quando alguém propôs Hitler para prémio Nobel da Paz pelo seu livro Mein Kampf. É a vida desse homem curado mais valiosa do que as vidas dos milhões de pessoas infectadas com o vírus da SIDA? Quantos milhões de pessoas é preciso morrerem para que a Igreja católica venha pedir perdão pela irresponsabilidade das suas doutrinas anti métodos contraceptivos e pela sua propaganda pró-reprodução? Será que serão necessários os mesmos séculos que foram precisos para ouvir o Santo Papa pedir desculpa pela Santa Inquisição e pela perseguição e o ódio religioso que a Igreja fomentou ao longo dos tempos. Sim, apagar a história é bem mais simples do que aprender com ela.
Será a ignorância neste caso uma benção? Era capaz de apostar que 95% dos chamados católicos praticantes e da famosa categoria dos não praticantes nunca leram uma página que seja da Bíblia (eu falei em ler, não em perceber, pois aí teríamos uma percentagem totalmente diferente!). E na verdade, só assim se explica que a Igreja possa continuar a ser aquilo que sempre foi, uma farsa. Talvez não seja coincidência o facto de durante muito tempo a Igreja não ter permitido traduções da bíblia para as línguas comuns. Hoje em dia isso deixou de fazer sentido, ninguém quer saber, a aparência é tudo.
Este é o património cultural legado por todos estes séculos de catolicismo, que alguns queriam ver fanaticamente referido na constituição Europeia. Não será estranho que numa Constituição apelidada de neo-liberal, redutora da integração europeia a uma dimensão económica, onde a integração social e cultural é praticamente esquecida, tenha havido tão grande clamor pela inclusão desta menção? Não, a consciência de certos homens precisa de ser apaziguada pela Igreja, já que Deus se recusa a fazê-lo. Conhecem a Opus Dei? Sabem quem são os seus elementos? Que Deus proteja o lucro das vossas empresas!!
PS Não sou ateu nem pertenço a nenhuma religião. Confusos?
PS Só a ignorância explica que neste país se tenha decidido oficialmente censurar o livro Evangelho Segundo Jesus Cristo, um dos mais belos livros sobre a vida de Jesus. Aí encontrei Jesus!
Com algum atraso, chegou hoje à nossa caixa de correio uma carta de Cabo Verde. É normal o atraso, a correspondência internacional demora sempre mais tempo. Demora mas não é extraviada, o carteiro acaba por mais cedo ou mais tarde entregar as cartas aos seus destinatários.
E esta carta tem uns destinatários especiais: a Comitiva para a Promoção da Integração de Cabo Verde na União Europeia ST. É verdade, posso relatar na primeira pessoa (embora não ficasse mal utilizar o pronome majestático) a experiência vivida pelo grupo de onze patrícios que decidiram aceder ao apelo do patriarca da nação e promover a integração de Cabo Verde na União Europeia. E posso dizer que a missão foi um sucesso, o acolhimento dos locais superou as nossas expectativas, com inúmeras e diversificadas propostas de interacção cultural ( .umas mais católicas que outras).
Sem exagerar, em muitos aspectos Cabo Verde já está na União Europeia. Não só o Euro é moeda (não) oficial, como os preços já estão alinhados por alguns dos países mais desenvolvidos, como a Suécia, Finlândia e Reino Unido. Quase que me arrisco a dizer que até Cabo Verde é capaz de nós ultrapassar nos índices sócio-económicos da UE. O que teria sempre o seu efeito positivo, pois poderíamos continuar a ser os pobrezinhos da Europa e continuar a ver (des)aparecer os fundos comunitários e continuar a apoiar a recuperação do sector automóvel da gama alta.
Nos inúmeros contactos interpessoais (nem todos voluntários) o inegável testemunho da alma portuguesa, bem patente no pontão de Santa Maria (qual é o português que não tem um imediato ataque de nostalgia do nosso Portugal e das nossas estradas ao ver este monumento ao desenrascanso e ao deixa andar?) e na actualizada e moderna expressão anglo-saxónica Cabo Verde no stress. E depois, o nosso verdadeiro património cultural: Camões, Fernando Pessoa ou Saramago? Deixem-se disso, o povo vive é de futebol. Aqui vive-se o futebol português com toda a paixão de qualquer benfiquista, sportinguista ou portista. No meu caso, a esta altura do campeonato, a minha paixão já se confunde com o sofrimento sem fim, mas a dor é menor quando é partilhada com a gente cujo sangue tem a mesma coe, embora sendo duas cores!! O coração acaba por estar sempre presente, ao ponto de não só estarmos no coração de todos cabo-verdianos que encontramos (poligamia já não é crime), como fomos mesmo confrontados com a ambição de alguns locais de propor Cabo Verde a colónia de Portugal. É certo que em certos momentos o nosso sentimento nacionalista pairou no ar (um pouco desafinado, é certo). Mas meus amigos, primeiro livrem-se dos senegaleses e dos guineenses, depois conversamos ou melhor, discutimos o preço!!
PS O meu sincero agradecimento ao grupo de especialistas de Sociologia do Trabalho que integraram a comitiva por terem sido o tempero do Sal (é um trocadilho um bocado forçado, mas fica a intenção), sem esquecer o outro especialista externo da comitiva, Kiko, a quem fico a dever um atropelamento! E também uma menção especial para a professora, que ingloriamente dedicou o seu tempo a tentar ensinar-me alguns passos de funaná!
O carteiro disse:
Day three
Day Four
Im gone again. This time, there is no rain, but there is again an endless search for your eyes. I collapse my hands not knowing where to put them again. The bed collapsed to the floor and my arms were open for you.
The lights are out and the shadow light gets in. There is an image reflected in the ceiling but there is no mirror.
I would grab your hand and take you with me. Will you follow my eyes if I dont close them?
Day Five
Im seeing it again, not in my dreams, but in the silent water passing through my fingers. Quiet peace of loneliness. The yellow flowers rest in the shadow of white houses. I cant find an reasonable answer. We are always changing and we are not able to see it, In front of me, your eyes and my trust. Is there any answer to why?
I clap my hands to clear the sound in my hears. Will I fill another page with handwriting? Can I continue knowing that it will not end?
Being tragic and being dramatic, the disharmony of human nature is around me.
Caros Leitores,
Apenas umas breves palavras para documentar o meu pedido de desculpas pela ausência de cartas neste cantinho virtual de metafóras! A preguiça podia ser uma razão, mas receio que o principal motivo da minha ausência seja ainda mais torpe: estive de férias... novamente! E como aprendi na Física, para cada acção há uma reacção. Neste caso, depois das férias, vem o trabalho que reage muito mal com o elemento químico férias. São os ossos do ofício do carteiro. Outros seriam tentados a dizer, é castigo divino, mas certamente não o farão, porque seria uma contradição. Já Tomás Aquino dizia que o trabalho espia os males da alma ... ou seria o Freedman?? Em qualquer caso, prefiro o pecado!
E continuando no trilho do pecado, vou encurtar caminho nesta carta, escapando-me pelo atalho da vaidade:
"Serpente
O silêncio de não saber,
Um véu que não permite ver,
Do lado de lá
Quem estará.
É triste saber,
E nunca se saberá.
Faltam sempre forças,
Mais uma linha,
Um diagrama onírico,
Pois no paladar sinto,
E no tacto nada.
A luz branca podia ser,
Mas não vejo apenas um anjo,
Nem vejo apenas um fantasma.
Algo para acontecer
No espaço vazio
Em que repito
O passo sombrio".