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Mais cedo ou mais tarde tinha de acontecer. Uma carta sobre Fiona Apple. A minha cantora preferida.
Posso mesmo dizer, sem exagero, que é uma das minhas mais longas paixões. Não, não se trata de qualquer fenómeno pós adolescente. Estou a falar da Fiona Apple artista, cantora e compositora. Bem, isto não prejudica que eu a admire como mulher extremamente bonita e atraente que ela é!
Mas voltando à parte musical, este meu artigo é essencialmente um grito de protesto com o que se está a passar com a edição do seu terceiro álbum Extraordinary Machine. Depois de ter estado prevista a sua edição em Outubro de 2003, foi dada como certa em Fevereiro de 2004 e até hoje, nada. Razão: os senhores da Sony decidiram que o álbum não tinha um single e como tal recusam a sua edição. Por outro lado, recusam libertar a Fiona Apple dos vínculos contratuais que a impedem de publicar através de outra Editora. Ou seja, os Filhos da P*** dos C****** da Sony não contentes por terem inventado um sistema manhoso de protecção dos seus cds que impede as pessoas que legitimamente compram os cds de usufruirem plenamente os seus direitos, impedem a edição de uma criação artística, pelo facto de não ter um single! Isto só mostra aquilo que todos nós já sabíamos, que o mundo está cheio de gente estúpida. Bem sei que a Sony é uma empresa, que apenas pretende lucro. No entanto, devia mostrar mais respeito pela arte e pelos seus stakeholders, que neste caso são pessoas que amam a música e que se estão a cagar para singles.
Felizmente, a tirania tem os seus dias contados. Fist in the air in the land of hypocrisy! E tal como o merdoso sistema anti-copy que custou milhões de dólares a desenvolver foi ultrapassado por um simples post-it amarelo, também a birra capitalista da Sony tem os seus dias contados! Um DJ de uma rádio norte-americana acabou por encontrar misteriosamente nas suas mãos uma cópia de Extraordinary Machine e em nome do seu amor à música e indiferença em relação às "armas de guerra" dos advogados da Sony (não façam essa cara de admiração, a crítica é contra a Sony!!!) decidiu passar na íntegra o álbum na sua estação de rádio, obviamente, avisando previamente os fãs da Fiona do que ia fazer, para, sabe-se lá o que!! Resultado, hoje tenho o prazer de misteriosamente estar a ouvir as canções que os Filhos da P*** da Sony não queriam que eu ouvisse! Estou por isso em profundo deleite! Não posso por isso deixar de lançar um repto aos meus leitores: procurem misteriosamente a música Not About Love da Fiona Apple e comentem aqui se tenho razão ou não quando digo que está a ser cometido um "crime contra a humanidade" quando impedem as pessoas de aceder a este pedaço de magia.
(de novo, Pablito depois de uma bejeca!!)
Continuando a minha retrospectiva em tempo linear sobre a minha viagem à Bélgica, hoje paramos em Antuérpia, que afinal não tem mar, mas tem o Gulliver!
Day Two
There is something wrong with the light.
Down on the water, cold fish is drawn. I can see the absence of anguish in its smile. So many changes! How many are needed?
Nowhere to belong, driving to the rhythm of the sun, liquid and bitter, I listen to the cold wind on my face. How many degrees below zero are needed to someone feel cold?
Dirty waters and I stay balancing upon them. Is it endless? Is there any meaning?
Time to go.
(sim, é o Pablito depois da cervejita!!)
Está a chover!
É irónico. Cheguei de Bélgica onde estava sol e chego a Lisboa e está a chover. Não tive de esperar muito para confirmar as minhas premonições (apenas um diferença de forma, no fundo uma metáfora). Mesmo à saída do aeroporto dois acidentes com vários carros envolvidos! A ironia e a metáfora destes momentos não deixaram de fazer soar em mim os famosos versos de Jorge Palma: É Portugal, Portugal, o que é que estás à espera?. Mais uns dias de chuva e os noticiários vão estar inundados!! A catástrofe, o horror e o drama!
Como repararam, o carteiro esteve à procura de novos postais no Reino da Bélgica. Haverá tempo para os mostrar. No entanto, aproveito desde já a ocasião para apresentar o meu ajudante e companheiro de viagens: o Pablito. Na foto é possível ver o Pablito admirado com a soalheira Bruxelas! Ambos concordamos que o Rei Sol concedeu um sorriso à cidade. É pena que não tenha o mesmo efeito nos seus habitantes. A saborosa Hoogarden na Grand Place mereceu o nosso especial brinde.
Day One (apenas o título pertence à doce Gemma Hayes, uma cantora irlandesa que merece toda a atenção dos vossos ouvidos!!).
I must find flowers in this blue day. Silence is the colour of the cage.
Siena.. a cidade medieval. A cidade encantada.
Siena, a eterna rival de Florença, é uma pequena cidade na Toscânia italiana, mítico universo do Palio, do chianti, do formaggio, da pastelaria Nanini, etc.
Recordar Siena é um recordar uma experiência única na minha vida. Claro que se pode dizer que toda a vida é uma experiência única, no entanto, algo me diz que nenhuma pessoa que tenha feito Erasmus me acusará de pretensiosismo intelectual. Se alguém tivesse dúvidas sobre o subjectivismo das palavras que se seguem
Imagem: A chegada. Fui capturado pelo encanto da cidade, com a primeira imagem intermitente no horizonte, obtida do pullman, na sua aproximação circular à cidade. Era um final de tarde de Outono. As colinas vestidas de um involuntário dourado e o céu tingido de um azul amadurecido eram o contorno mágico de uma silhueta de fogo, na qual se define a cidade, no manto das suas muralhas e do recorte da Torre do Duomo e da famosa Torre del Mangia.
Recordo com uma precisão formidável (tomando-me como padrão de referência, claro) a minha chegada à Piazza Gramsci. A chegada é um momento único. Para usar uma imagem auxiliar, até por ser por demais óbvio, convoco o filme Residência Espanhola, no qual este momento é registado de uma forma notável, numa não menos notável cidade. Existe uma ausência de tempo e um esmagamento pelo espaço. Depois de um mergulho profundo, aparecemos átona para respirarmos ofegadamente. Libertação e asfixia fundem-se. Durante muito tempo, depois de ter regressado de Itália, antes de adormecer percorria mentalmente o percurso que percorri nesse dia em direcção à Piazza del Campo: via Banchi di Sopra, via Baldini, via Banchi de Sotto
E depois, a visão da Piazza del Campo e da Torre del Mangia no virar da esquina (mais concretamente na via Rinaldina) é algo difícil de esquecer. A partir daí, deixamos de poder ignorar o facto de estarmos apaixonados!
E quem fala da Piazza del Campo não pode deixar de falar da Via del Porrione e da Casa Erasmus em jeito de eufemismo baptizada de Il casino Erasmus!! Há pouco tempo soube que a casa tinha sido encerrada, aparentemente por motivos de segurança!! Fiquei triste, mantinha uma nostálgica esperança de poder lá regressar e cumprir o ritual dos anciães, de revisitar os traços do tempo inscritos nas paredes daquela casa, passando o testemunho aos novos fiéis. Demasiados pormenores para detalhar aqui
Continuando a ceder à minha fantasia de guia turístico, não podia deixar de falar das contradas e do Palio! Para os interessados, o Palio tem lugar duas vezes por ano (2 de Julho e 16 Agosto) e consiste numa corrida de cavalos (provavelmente já devem ter visto num daqueles noticiários de Verão em que o país está parado e arder!!), em que cada cavalo (sim, porque o cavaleiro é irrelevante!!) representa uma das 17 contradas da cidade (vd. www.ilpaliodisiena.com). Não posso deixar de fazer publicidade à minha contrada: a contrada della Torre, a mais pequena e mais invejada de toda a Siena! Acredito mesmo que é esse mau olhado que nos impede de alcançar a merecida glória. Já não ganhamos nada há mais de 50 anos. Se fosse futebol, a solução seria fácil
E para alimentar o perfume da sedução junto dos meus leitores, fica aqui uma sugestão cinematográfica: o filme Beleza perdida (Stealing Beauty). Filme realizado nos arredores de Siena. Penso que as imagens finais (e únicas) sobre Siena são mesmo o melhor do filme. De resto, é um filme romântico perfeitamente banal, no qual participa o Jeremy Irons e a Liv Tyler (bem, para alguns este será igualmente um atractivo).
Finalmente, uma última palavra para a pessoa responsável por esta descoberta: o meu Mestre (título duplamente justificado). Esta também é uma justa homenagem a ti, por me teres mostrado diversos caminhos. Neste encontrei Siena.
Em bom rigor, o centenário apenas é comemorado dia 21 de Junho. No entanto, quem me conhece, sabe como eu sou avesso a comemorações de datas.
Porto de monólogos
Um navio debaixo de tempestade,
Ausente de qualquer porto,
Num mar fantasma
Sem velas nem mastro
Numa noite sem madrugada.
Ao longo um aviso,
Um farol perdido.
No navio há silêncio,
Há ausência de matéria,
Do convés à proa.
Não há nada,
Nem luz ou escuridão,
Nem mesmo o arrepio.
O vento sopra
De dentro para fora,
O corpo dobra,
De fora para dentro.
Em cada segundo
Uma hora cinzenta,
Em cada palavra
Dor e existência.
(O carteiro)
PS - Foi propositada a omissão da identidade do aniversariante. Alguém aceita o desafio de escrever o nome do destinatário deste postal?
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"O seu a seu dono Há cartas que não devem ficar sem resposta. Nenhuma se deve perder pelo caminho. Embalado por estas preocupações, o carteiro alemão Andreas Oberauer sobe com frequência os 2964 metros do monte Zugspitze para entregar a correspondência a quem vive nas alturas. Os correios da Alemanha decidiram agora homenageá-lo com um selo que o mostra em plena acção". (Foto: Karl-Josef Hildenbrand/EPA). www.Publico.clix.pt, 4-03-2005
Foi com um sorriso estampado no monitor do meu pc que hoje foi contemplado com este pedaço de magia. Claro que para mim, este é um verdadeiro comentário fora do sítio (sem, talvez esta frase tenha um sentido subliminar nas entrelinhas, face ao reduzido número de comentários .), mas uma clara resposta à minha interrogação: poderá ser uma profissão em vias de extinção, mas os poucos resistentes continuam a manter vivo o espírito da profissão, o verdadeiro juramento de Hipócrates: um carteiro também é a carta que transporta. Cada carta tem o seu destino e o carteiro é também o caminho.
Homenagem ao Carteiro, num selo metafórico!
- Che cosa le ha detto?
La vedova sputò tra i denti: - Metafore!
Il poeta inghiotti saliva. E allora?
- E allora com le metafore, don Pablo, mi ha scaldato la figlia come una stufa!
- È Inverno, donna Rosa.
Il Postino di Neruda, de António Skármeta.
Este deveria ter sido provavelmente o primeiro artigo. Felizmente optei por não começar nada.
Assim, fica revelada a bússola responsável pela descoberta da estrela do norte que pretende assegurar a navegação deste blog, de preferência a favor das marés e dos ventos!! Não o livro, mas o filme.
Por vezes, em conversas de troca de cromos surgem questões místicas a que nem Sileno provavelmente gostaria de responder: Qual o teu livro preferido? Qual a tua música preferida? Qual o teu filme preferido? As semelhanças com eventuais questões existenciais não são meras coincidências. E se em relação às duas primeiras não consigo (ainda?) revelar a descoberta da minha pedra filosofal (acreditem, é possível existir alquimia sem Alquimista ), à terceira não hesito na resposta.
Não vou explicar porquê, não é possível explicar. Aqui, só se pode sentir. Não, não é uma frase pretensiosa, com vocação para título de livro de uma certa autora portuguesa light. Assumo o subjectivismo, é um sentimento de comunhão que me liga ao filme, bem para além do próprio filme. De certa forma, acho que posso dizer, sem exagerar, que o filme é parte daquilo que eu sou. Falar do filme é falar de mim.
Falar e recordar o filme é ser transportado até à presença do Mário, da Beatrice, do Neruda, da Viúva e do Pablito, enterrar os pés nas areias finas da ilha de Salina, é sentir de novo. São as imagens, a música, os poemas, as palavras, as recordações dos momentos em que vi o filme, as recordações do filme em momentos que vivi . São as metáforas.
Nesta troca de cromos ainda não encontrei alguém com um cromo igual! Esquecendo as pessoas que não gostaram do filme (bem podem apelar, mas receio que seja tempo perdido, nesta coutada só há livre arbítrio!), as restantes admitem que o filme tem o seu encanto, mas não o suficiente para evitarem ser atropeladas pelo meu entusiasmo (o que, sem pretender soar a eremita, é bastante comum acontecer quando liberto as minhas paixões). Será que carteiro é uma profissão em vias de extinção?
Encerro assim esta minha singela homenagem ao filme da minha vida. Em jeito de metáfora, em forma de carta.
PS. No meu baú de memórias Il postino existe ainda um lugar muito especial para um simples postal que esteve pendurado na parede do meu quarto de Erasmus, não como metáfora, mas como um abraço de amizade. Gracias Júlio!